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ARTESÃO DE VIDAS - IV

 
S E R I A D O
ARTESÃO D E V I D A S
CAPÍTULO IV
Mais alguns dias se passaram. Os meninos levavam a vida na costumeira rotina. No domingo não saíram de casa, ficaram a assistir filmes na TV e a conversar. Fizeram todas as refeições no próprio lar.
A segunda-feira chegou com muita chuva. Verdadeiro temporal, alagando tudo. Mesmo assim, Joab não perdeu aula. Chegou ensopado à escola...Lá foi obrigado a tirar a blusa e espremer, o que chamou a atenção dos colegas. Alguns apenas brincaram, mas outros adoraram ver aquele tórax bonito e bem dividido, suspiraram...
- Nossa! – Disse Fred , um colega de classe – Você mata todo mundo de inveja...
- Por que? – Joab interrogou.
- Ora bolas! Não se faça de fingido...Você sabe muito bem do que falo... Fred arrematou.
- Não sei – respondeu Joab – quero que me diga.
- Seu tórax... é muito lindo! Vontade imensa de acariciar...
- Nem pense nisto – frisou Joab – INTOLERÂNCIA para essas coisas.
- Calma, Joab – disse Fred sorrindo – estou apenas brincando...
- Ainda bem, ainda bem...
Depois que espremeu a blusa, vestiu-a, mesmo estando molhada.
- Você pode pegar uma gripe – colocou Breno – um outro colega de classe.
- Torcer para que isso não ocorra, não é amigo? – Joab retrucou.
Joab ainda não havia reparado bem em Breno até aquele instante. Teve um estalo:
“Ele deve ter um corpo belíssimo, cairia como uma luva numa pintura...”
- Breno – pediu Joab – depois desejo ter um “trololó” em particular com você, pode ser?
- Claro, meu amigo, estou à sua disposição.- Breno respondeu.
Combinaram um encontro na biblioteca na hora do intervalo, que logo chegou.
- Pode falar, Joab, parece-me que é algo sério...
- Sim, é sério mesmo, porém estou cheio de “dedos” para falar...
- Fale, cara, saberei manter discrição se for alguma coisa íntima.
- É íntimo, muito íntimo... Joab falou.
Criou coragem e disse tudo o que queria...
- Não sei... Posar para você nuzinho em pelo... e por vários dias... o que não irão pensar de nós dois?
- Ninguém precisa saber... só eu e você. É um trabalho artístico, nada há o que temer... Depois de pronto, veremos como faremos... se ficar bom, certamente dará um bom dinheiro...
- O que direi em minha casa?
- Ah, pode dizer que vai à minha casa para estudar... podemos até estudar um pouco, assim não estará mentindo.
- Sei não... Estou como medo, sou bastante tímido...
- Não olharei para você com “olhos de malícia”, mas com um olhar clínico de artista.
- Quando pretende começar,?
- Ainda hoje, claro, não quero perder tempo. Frisou Joab.
- E sua mãe?
- Está viajando... pode chegar a qualquer momento, mas creio que apenas estará em casa na sexta-feira, à noite.
- E o primo que você diz estar passando uns dias com vocês?
- Se achar inconveniente ele assistir ao nosso trabalho, peço para ele ficar no quarto, ele me atenderá...
- Não sei... Está bem, aceito o desafio. Mas silêncio absoluto em torno disto, viu?
- Claro, pode confiar em mim. Obrigado aceitar posar para mim.
- De nada. Vamos ver no que vai dar.
Terminado o intervalo, voltaram à sala de aula. Joab não cabia em si de contentamento... Seria sua segunda experiência... Tinha certeza de que faria um grande trabalho.
Breno Allende, 16 anos. Era alto, 1, 76cm, moreno claro, cabelos castanhos escuros encaracolados, olhos castanhos, também escuros... era tudo o que conhecia do amigo, logo mais o teria ao inteiro dispor...
A chuva não cessara. Joab chegou em casa e, imediatamente, tudo disse a Tádzio.
- Você não está se precipitando? Não seria melhor deixar primeiro sua mãe avaliar a pintura que fez de mim? Bom, mas você é quem sabe...
- Não posso perder esta oportunidade... Breno é um garoto lindíssimo e uma pintura bem feita dele poderá tornar-se uma obra-prima... sei lá... já convidei, não vou desistir. Confessou Joab.
- Está certo, mãos à obra. Ficarei no quarto. Não mostre minha pintura a ele, por favor.
- Jamais faria isso, nem se preocupe. Sua pintura fica guardada no quarto de minha mãe.
Dirigiu-se aos seus aposentos, tirou a roupa molhada do corpo e foi tomar banho. Em seguida estava na cozinha almoçando com Tádzio. Ambos estavam em silêncio e assim permaneceram até o final da refeição.
No horário combinado, Breno chega à sua casa.
- Oi, Breno, entre e fique à vontade. – Convidou Joab.
- Estamos sós mesmo?
- Com certeza, só meu primo, contudo ele ficará no quarto, não aparecerá por aqui. Prometo!
A sala estava toda preparada para o trabalho. Lentamente Breno despiu-se e, a cada peça que tirava, Joab havia em si a certeza de que retrataria com perfeição as linhas daquele belo corpo.
Trabalharam até 18 horas, quando Joab falou:
- Pode vestir-se, por hoje é só. Amanhã no mesmo horário. Quer jantar conosco?
- Não, obrigado, tenho de estar em casa cedo. Até amanhã.
Apertaram-se as mãos e Breno se foi. Logo que saiu, Tádzio surgiu.
- Posso ver o que está fazendo dele? – Tádzio inquiriu.
- É claro que não! Cada qual que guarde suas intimidades.- Joab retrucou.
Os dias continuavam a passar rapidamente. Na quinta-feira, surpreendentemente, Joab deu o trabalho por encerrado. Eram cinco e meia da tarde.
- Venha ver a si mesmo, Breno. Está concluído o serviço artístico.
Breno nem se preocupou em vestir-se antes, correu para frente da tela. Quase que o queixo desaba no chão.
- Se eu não fosse o modelo, jamais acreditaria, pode crer. Isto não é uma tela, mas uma foto muito íntima minha. A pintura principal rodeada por pinturas menores, mostrando em todos os ângulos minha nudez, tanto frontal, como em diagonais e a parte das costas e das nádegas. Perfeito, parabéns! Estou diante de um artista. Levarei comigo para casa? – Quis saber Breno.
- Não – respondeu Joab. Deixarei minha mãe chegar, ela vai opinar e dizer o que faremos que com esta preciosidade.
- Está bem, ficarei à espera da opinião dela.
Breno, então, vestiu-se com vagar e se despediu de Joab.
- Até amanhã. Na escola conversaremos.
Joab levou a tela para seu quarto devidamente coberta a fim de Tádzio não olhar.
Após guardar tudo e arrumar a sala, foi tomar banho e jantar. Ambos estavam se fartando com a alimentação, quando Elza entrou pela porta da cozinha.
- Olá, meus bebês, tudo em ordem por aqui?
- Mãe!
- Dona Elza!
Os três se abraçaram. Elza foi ao seu quarto, largou tudo em cima da cama e veio juntar-se às crianças para jantar. Nem percebeu que no canto da parede havia uma tela e que estava coberta por uma toalha.
Jantaram no maior vozerio. Cada qual que quisesse contar suas novidades. Elza terminou de contar as dela, então Joab falou:
- Mãe, quando você terminar de jantar, temos uma novidade para mostrar...
- Temos?
- Sim, é uma novidade minha e de Tádzio. Espero que você goste!
- Hum... Já estou curiosa... O que é?
- Termine primeiro de comer... poderá até ter uma indigestão e não quero ficar com essa culpa...
- Olha lá, meninos, que arte andaram aprontando?
- É arte mesmo, dono Elza – Informou Tádzio. É muita arte!
Findaram o jantar. Elza perguntou:
- O que é que tem para mostrar-me?
- Siga-me – pediu Joab – está em seu quarto.
E se dirigiram aos aposentos de Elza. Joab foi na frente. Retirou a toalha que cobria a tela e colocou bem diante dos olhos da mãe.
- Minha nossa! Que quadro belíssimo? Quem o pintou, Joab?
- Eu, mãe, fui eu quem pintou. Gostou?
- Virgem Santíssima! Isto é uma obra de arte! E este é você, Tádzio!
- Sim, dona Elza, sou eu mesmo. Eu posei para que ele me pintasse e me colocasse nesta tela. Não ficou uma obra-prima?
- Nossa Senhora do Desterro! Sim, meu querido, ficou... Perfeito!
- Venha cá, mãe, em meu quarto. – Novamente Joab pediu.
- Tem mais? – Inquiriu Elza.
- Tem, só que este você não conhece, é um colega da escola.
E retirou a toalha. Elza babou com a perfeição dos trabalhos.
- Meu filho, você é um artista e eu não sabia...
- Eu já sabia, mas não havia em mim coragem de pedir que os modelos posassem. De repente criei coragem e pedi. Eis os resultados!
Elza estava tão feliz que não sabia o que dizer. Andava para lá e pra cá, feito uma barata tonta... Foi Joab quem a segurou e pediu para que se sentasse na cama.
- Esperei você chegar para discutirmos o que faremos com estas peças... – Colocou Joab.
- Claro está que estes originais são meus – enfatizou Elza – Faremos réplicas e as negociaremos. Isto dará a você, Joab, muito dinheiro...
- O dinheiro que eu conseguir com estes trabalhos serão divididos meio a meio com os respectivos modelos, foi uma promessa que fiz a eles. – Joab falou.
- Concordo com você, meu filho, questão de honestidade. Muito bem! – Expressou-se Elza.
- Por enquanto vamos aguardar. Com relação à pintura de Tádzio, deixemos que se resolva o problema da adoção, é bom não misturarmos as coisas agora. – Aconselhou Elza – quanto ao do seu amigo, iremos falar com os pais dele, nada podemos
sem a autorização dos pais, ele deve ser menor.
- Sim, ele tem 16 anos. O nome dele é Breno Allende.
- Iremos amanhã falar com os pais dele, mas antes levarei a pintura para fazer réplicas, levarei a de Tádzio também. Os originais ficam com o artista.
Estavam muito contentes com a possibilidade de grande sucesso. As coisas deveriam andar com calma, porque, como se sabe, “a pressa é inimiga da perfeição.”
AMANHÃ - CAP. V

 
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imelo10
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