Fiz jorrar pelo bico de minha caneta,
Tudo que estava preso na minha garganta!
Eram tão verdadeiros os sentimentos meus
Que a caneta titubeou e estremeceu!
De cada verso que eu escrevia,
Emoção em borbotões escorria!
A caneta no branco papel deslizava,
Enquanto minha alma ditava, ditava,...
Quando os versos eram de amor
A própria caneta sentia ora alegria ora dor!
Nos versos da minha infância,
A caneta serelepe; o pensamento tomava distância!
Quando dos amigos a lembrança,
A caneta suavemente dança!
Quando pensando no inimigo eu fico,
A caneta quase fura o papel com seu bico!
Quando já um tanto aliviado
a caneta foi diminuindo seu riscado!
Quando a caneta escapou dos dedos hirtos,
O papel estava repleto de estrofes em dísticos!
Manoel De almeida