DESAPARECIDOS
Cadê aquele menino
Que viu um vaga-lume,
Que sentiu cheiro de estrume,
Que chorou seu cão morto por algum infame?
Cadê aquele pai
Que sabia explicar o feitiço das flores,
A cor dos muitos amores,
A noite tempestuosa
De variados odores,
Que contava histórias sem dores?
Cadê aquele cidadão
Que tinha na memória,
O ruído das estrelas
Partindo de madrugada?
Cadê meu senhor,
O cão de lamento apaixonado
Que sempre despertava o desenganado?
Onde estão vocês,
Que faziam brotar poesia,
Onde nada havia?