Dá-me vida
Que grata ironia
destapo as frestas
onde cabem integralmente
a grafia totalitária
dos meus selectos pensamentos
e lá descubro tua imensidão
recostada no consolo dos rabiscos
digitalizados onde afagas
discreta nossa tímida afeição
Minha consolação?
Já nem sei se me escondo
ou não em tamanha amnistia
pois serei daqui para a frente
imponderável,
discreto aos acórdãos do vento
nesta gesta que prefigura
infinitas alegrias discretas,
rogando em frente ao tempo
escondido no recôndito ser
que algemado a mim nunca
me escapa um acto teu de piedade
na hora mortiça onde se apagam
todas as frenéticas incompreensões
Alguém dirá depois
que sou assim
poeta que se contagia
ou prima algoz nos ardentes
prantos que bebo em ti
que ironia - gritarei eu
deste-me mais vida na alegoria da vida
e deixei partir depois
minha atitude comovida
onde serpenteará feliz, sorrindo
o canto do amor
da assunção
diante de quem me deu um dia
alento, emoções
e todas as razões para te amar o resto da vida
FF