Sozinho? Não! Neste deserto de vida,
Sempre me acompanha a solidão...
Encaro no que sou, cada sentimento Indefinido,
Encaro e me descontenta o que não sei de mim...
Erguem-se vagarosos pensamentos,
Avançam sonhos alheios ao que sinto,
Surgem sensações que me desancoram de ser eu...
E sigo meu caminho, tropeçando, caindo me levantando...
Há uma tênue brisa, que acaricia a alma,
Que ao longe se mantém...À distância de cada suspiro
Relançado com o acordar,
Onde a doçura não é nunca amarga,
Ou onde a amargura não é nunca doce...
É livre a alma, voa sobre mim lentamente
Os sonhos que relembro pela manhã
Trazem a meus olhos uma nova esperança.
O mistério pendente, uma nova chama.
Memórias!!! Caminho sobre elas, todos os momentos.
Inconsciente metafísico que se manifesta
Por entre quem sou... Cresce em dúvida
Uma forma de saudade de dias melhores,
E remete ao esquecimento quem em mim um dia fui...
Não caminho sozinho...
Sempre me vejo de mão dada com a solidão!
Nuvens de tristeza pairam sobre mim,
Escurecem a alma que me sobrevoa.
A uma angústia tempestuosa me entrego,
Sol negro, que brilha apenas nas dores,
E me espelha uma recordação de um amor
Que tomei como meu...
Ilusão!!! Desilusão!!! Nada de novo
Na estrada do destino que tracei...
Se Deus escreve direito por linhas tortas,
A falha deverá ser exclusivamente minha
Por continuar a escrever torto em linhas direitas...
Por fim...
Esqueço quem fui, quem sou,
E enquanto quem serei é enigma,
Esqueço também quem amei, quem amo,
E enquanto quem amarei é um paradigma
Não me lembro o meu propósito
Nesta deserta vida.
Sozinho?! Não
Sempre me acompanha a solidão...
Paulo Alves