Unhas que atravessam os anéis
E dosam as sentenças em noites iguais
Unhas nervosas que marcam os corpos
E furam as lágrimas nas tardes iguais
Unhas que cavam a terra e abrem os caminhos
Unhas que em cada dedo amam sozinhas
Unhas que não cometem crimes e vivem presas
Unhas que cravam as presas e ferem os animais
Unhas que furtam os mortais e escondem os crimes
Unhas que acertam os relógios e marcam os encontros
Unhas que escolhem as cartas e trocam os destinos
Unhas que acompanham os homens nas terras ricas
Unhas que deixam os homens ricos nas terras pobres
Unhas únicas e nunca unidas, de unhadas miseráveis
Unhas que criam as notas e tecem as canções
Unhas que nascem com os corpos e duram mais que os corpos
Unhas que cegam as leis e sentenciam os homens: unhas
José Veríssimo