Caiam lágrimas de chuva,
do vento que chorava silenciosamente
naquele entardecer cinzento de saudade,
gotas que deslizavam pelas árvores
em angustiante anseio de abraçarem
as folhas matizadas, pelos outonos da memória!
Em cada gota, uma lágrima,
ou quiçá, em cada lágrima uma gota,
que se transformava em lama
no encontro com o solo seco da lembrança
e se metamorfoseava em pérola parda,
que rolava pela estrada da desesperança!
O vento na sua lamuriante dor,
soprava com a força da desventura,
as marés escurecidas pelas noites sem luar,
esventrava o corpo ondulante do mar
com a fúria do desencanto das velas adornadas!
Mas…
O vento cansou-se do seu lamento choroso,
as núvens cessaram sua pluviosidade,
sorrindo por entre as derradeiras lágrimas
do entardecer, triste…
Dando espaço ao cintilante Arco-íris
que de braços abertos,
mostrava as cores da vida
em gargalhadas de alegria.
José Carlos Moutinho