arranhei os pulsos,
quebrando esta distância estética
que nos separa.
pense no quarto muro,
no escuro das minhas palavras
que mudam com a crítica da razão
e com o desinteresse veloz
entre ele,
ela
e a minha voz.
bem sabes
que os fios desse texto
saem daqui
e tentam fugir,
atravessando olhos e mentes
enquanto escuto os Artic Monkeys.
bem sabes que sou uma metáfora
após as 22:00 e algumas luas.
veja o que nos mata e agonia:
isso... isso que não lês
nas entrelinhas
e me deixa mais exposta
e sozinha, mais poeta, mais brisa,
mas suspeito que você já saíba
que os meus peitos são ousados
e as minhas antíteses bêbadas.
não posso dizer o que encontrar aqui
além de desassossego e ventania.
eu queria chegar onde
o vento faz a curva
mas poesia não vende nada
e eu caí dentro de mim.
enfim, entre mortos e feridos,
resta o perigo de tentar ser
mais uma, mais tantas, mais santa,
mais puta, mais uma face poética
intrometida cheia de morte,
cheia de vida
enquanto não amanhece
e eu acordo metade
de mim
outra vez.
(but who cares huh?)
karla bardanza