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Saudade: o eterno retorno !

 
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Saudade: o eterno retorno !


Afinal a vida não passa de uma saudade sempre igual e sem sentido, uma saudade eternamente certa, infinitivamente concreta, sinceramente indefinida, fatalmente saudade.

Saudade!
Saudade, o sentimento descontente que se perde em divagações penosas e plangentes, a longitude de um adeus que se ganha em cada abraço que não volta...

Saudade, a quimera degradante que se inventa em cada luar de Primavera, um penar ultrajante que se sente quando o amor se acaba...

Saudade!
Saudade, um fingimento incoêrente que se desenha em cada lágrima de dor, uma felicidade aparente que se esvai em cada espera sem revolta...
Saudade!
Saudade, uma legenda chocante que se vê em cada olhar perdido por amor, um pensamento irreverente que se conquista em cada beijo sem sabor...
Saudade, um grito lancinante que não se dá na hora do adeus...

Por favor, ajuda-me...
Oh, compreendi!
Lembraste-te do nosso adeus, não foi?
Cobre-me o olhar com a tua madeixa...
Isso, assim esconderei e abafarei melhor a minha queixa... para que o mar não a afogue e ma devolva com a maré, sempre que perder a minha fé...

Ah, como sinto saudade do último Verão!
Mas o teres que ir e dizer adeus, o teres que partir e me deixar só com os meus tormentos foi muito triste. Veio a saudade e ficou.

Depois, escrevi cartas de amor... artificiais, comprei sorrisos... artificiais, tentei novas aventuras... artificiais, percorri corpos sem fronteiras... mas de todas as maneiras banais, frigidamente cruciais, fatalmente artificiais, dei beijos mil, inventei o sol do brasil..., mas no fim fiquei muito triste, olhei para trás e chorei de solta porque encontrei a saudade à solta para me devorar o coração e me lançar no meu próprio fogo...
Sim, meu amor, sem ti tudo é artificial!
O aroma das flores, os dias, elas... tudo, tudo passou e só ficou uma réstia de esperança e esta saudade à espera do teu retorno...
E o Verão voltou!
Depois vieste tu para dissipar a mágoa que tinha na alma... Surgiste serena, divina e calma...

Eu sei que não mereço o teu perdão...
Por favor, deixa-me, larga-me, atira-me logo para as teras do além para que se faça justiça.
Mas... por onde anda a justiça, essa chama que se atiça, que não a vejo nos teus olhos? Porue não fazes justiça?

Larga-me, larga-me logo e esconde bem a compaixão que lacrimeja no teu olhar... Justiça! Só a justiça me pode acalmar e sufocar o eco dos meus ais, nada mais...
Tudo me angustia, me atormenta e, estranho, me acalanta!
O remorso devora-me o corpo até à raiz, mas, não sei porquê, sinto me feliz...

Por favor, deixa-me adormecer aqui e pensar em ti, depois, se quiseres, podes ir procurar também novos mores que não falhem, que não tropeçem, não caiam e não araiçõem, que não magoem e não perdoem...
Vai!
Vai, vai logo!
Porque me agarras? Porque me beijas?
Vês? O egoísmo não me deixa chorar, agarrar e beijar também, porque a saudade se se infiltrou na retina dos teus olhos e no mais recôndito do meu coração em deserção...
Saudade!
Ó insana liberdade porque me devolves a saudade sempre que tenho medo de perder a minha outra metade...


LMP, Estoril 1974 ( McLUAR )
LUD MacMartinson ( 19 anos )
<br />http://feelings3.blogspot.com/2005/10 ... ade-o-eterno-retorno.html

 
Autor
Lud MacMartinson
 
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