Venho hoje até ti
para te entregar a carta
que na alma escrevi,
uma rescisão amigável
porque de amizade
foi feita nos feitos do meu peito…
Entrego-te a carta
em branco como em branco
me entreguei a ti…
Solta no prateado
luar dos meus silêncios
de onde te estendi
tudo de mim
sem malabarismos
sem secretismos…
Dou-te (s)em leveza
estas frases de (in)certeza
para colocarmos o ponto final…
Oh, Meu Deus!
Como posso eu apagar
os sentimentos de amizade
de um coração magoado?
Por muita mágoa
que ferva no peito
dentro do sangue
há vida
nada se extingue dentro de mim…
Quis a luz
que a melodia de uma flauta
me mostrasse a verdade a sangrar,
no entanto
na certeira envolvência
que sou
não cabe o ponto final,
abro o ponto de exclamação
onde as lágrimas se soltam
em interrogações secretas…
Amar é sentir
em todos os pedaços
nunca em mim se desfaz um laço
que foi esboçado no âmago
em amor consentido!
Por isso não faz sentido
este poema
que não é poema
é uma carta de rescisão
que fica na tua mão!
"Branco silêncio das minhas mãos" Ana Coelho
Ana Coelho
Os meus sonhos nunca dormem, sossegam somente por vagas horas quando as nuvens se encostam ao vento.
Os meus pensamentos são acasos que me chegam em relâmpagos, caem no papel em obediência à mente...