Um amigo meu me dizia
Há dias, bem descontente,
Que jamais entenderia
O sentir de certa gente.
Julga-se, por amigos, traído
Por não darem atenção
E haver concluído
Que ora “sim” e logo “não”.
Sabe que apregoam bondade
Mas obras não as vislumbra
Sai da boca a amizade
Nos atos é só penumbra.
São gentis quando interessa
E por isso desconfia
Que a vil inveja os impeça
De lhe dar melhor valia
E continua esse amigo
Do peito, sem vacilar,
Hei-de ajudá-los um dia
Se voltando a precisar.
Isto sim, é dignidade
Que gosto de poetar,
Aos meus também a amizade
De quem os quer afirmar.
Quem sabe, por outro lado,
Se os amigos do amigo
Motivos terão abafados
Que os obrigam ao abrigo.