<br />ADÁGIO
Pousa em meu peito
Um canto escuro qual gema:
Oculto encanto de um melro.
Fazia-se hora plena nas tardes-jardins.
Um casulo cor das sedas sequiosas,
Envoltórios falam faunas bromélias:
Voa aos passados magésticos
Singulares plurais, imagens, sabores,
Lamentos doces, ocra em sons...
Uma lágrima, eugenia furta-cor.
Sabores, pomares, manjares, ceias
Sobejam... Harpejam-me adágios.
Voa... Voa-me teus escuros,
Macios, suaves, queridos lugares.
Seduza-me vento, asas e sol:
A cor mais bela da dor, fulgor
Colore-me de aves, areias e flores;
Lugares-jades, centeal sempiterno
O tênue do peito acalanta um ninho.
Escura, cintilante gema – raro canto:
Abrigo, encanto oculto... Revogares.
Voa na tarde um melro...