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Luzes

 
<br />LUZES

De vê-las não lembro
Querê-las foi intento.
Era escuro
Um escuro intenso
De silêncio denso.

Ressonava tão somente
Um pássaro rouco.

Falavam-me de pássaros,
Cantos e cores,
Tons azuis-claros,
Pétalas de flores.

De vê-las não lembro
Querê-las foi intento.

Todo medo era prata
Lâmina, corte de adaga:
Corte frio no sangue,
Coragem que desbarata,
Luz que desacata...

Falavam-me de pássaros —
Cantos e cores.

Toda possível coragem
Retórica, distante imagem:
Viver era o pouco —
Um porão, beco ou garagem —
Rio seco sem leito... Sem margem,

Retórica, distante imagem
(Viver era o pouco)

Literaturas queimadas,
Histórias desbotadas,
Amarela tensão.
Imagens desgastadas,
Calças velhas... rasgadas.

Histórias desbotadas,
Amarela tensão...
De vê-las não lembro,
Querê-las foi intento.
Falavam-me de pássaros,
De cantos e cores
Retóricas, distante imagem.

Viver era o pouco...
Ressonava tão somente
Um pássaro rouco.
 
Autor
Paulo de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 31/01/2008 16:40  Atualizado: 31/01/2008 16:40
 Re: Luzes
Bom poema, com boa eufonia. Uma lufada de ar fresco poético.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 01/02/2008 11:53  Atualizado: 01/02/2008 11:53
 Re: Luzes
gostei...pela descrição do poema,de repente,parecia q estava a assistir a um videoclip dos evanescence...bjs


Enviado por Tópico
Diego_Vampire
Publicado: 01/02/2008 22:42  Atualizado: 01/02/2008 22:42
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Usuário desde: 24/12/2007
Localidade: Distrito Federal
Mensagens: 20
 Re: Luzes
Ótima composição Paulo. Parabéns