Os bips ficaram cada vez mais curtos, estridentes e rápidos. Sinal que não havia mais esperança. Aparentemente haveria ainda uma margem de erro a ser gasta. O correto era lembrar-se de respirar pausadamente e não comer nada que contivesse pimenta malagueta. Como máquina de UTI, de repente parou. Na tela apareceu um traço fixo horizontal, seguido de um silvo contínuo. Era o sinal fatal. A tela apagou-se deixando tudo preto. Sequer um led intermitente para dar alguma esperança ao impaciente usuário, restando ao casal jantar em silêncio e ir para a cama. Estavam certos de tudo e nada tinham a esconder. Ela ainda pensava que o bilhete fora obra do acaso. Ele achava que havia sido perpetrado um crime. Mas não haveria de esperar pelas investigações. Por culpa dela não descansava tentando resolver o problema. Não dormiria novamente sem ter solucionado aquele questão. Não, senhores! Jamais o faria com a consciência tranquila do bem servir e dever cumprido.
Bem que não queria ser repetitivo, nem escrever várias vezes a mesma linha de comando sem um enter definitivo. Não poderia somente dizer que a culpada era ela. Isso era um diferencial passível de virar enredo de escola de samba. O resto? O restante era um segredo bem guardado, jamais revelado se bem que podia ser transmitido de pai para filho desde 1910. Ou desde a feira mundial de Chicago, o que não dá na mesma, mas acaba por ser igual. Como na música. Ou quase isso. Bem, não quero me envolver nessa disputa, de vez em quando perco a tradicional calma oriental e parto para o ataque gritando “banzai”. As marcas vermelhas incomodam por si só. Não que ache que não devam existir, mas incomodam sim.