O berço da luz
Faíscando a noite
reflectem agora as imensidões
de luz etérea
flageladas num mar ainda soluçando
quando se acende
a fogueira onde alimentamos
as chamas viventes de alegria
tu que fazes da vida
algo fulgurante e refulgente
que pasma subtil e se inflama cada dia
caminha comigo na contemplação
do amor terno e gracioso
nesta alegoria poética
que flameja em tanta fantasia
Há pois no ar um perfume liríco
que geme nas encostas douradas
onde o vigor carente das manhãs
arde ainda vivo aromatizando
tudo e toda a languidez preguiçosa
que por ti se derrama
Até que abrande esse fogo animador,
nos revigore e atice de vez no alvor
de mais um dia indolor
as visões purificarão a celestial grandeza
estampada na delicadeza das nossas memórias
vem comigo povoar a voz serena e obediente
ainda que gritando
pelo eco duvidoso
se remete delirante
musicando a primavera que deslizando
de mansinho se encobre no teu dorso
Ó poeta por ti até me faço
e refaço em força, brio ou rio
pra que tu navegues orgulhoso
quando rumas às rimas no meu porto
poeticamente libertando
meus grilhões
que a chama no pavio do tempo
assim tão curta se apaga,
e nós ainda invencíveis
saímos tragando aventuras
decretadas no berço onde a luz perpétua
desmaia na acalmia arquitectada
de tanta formosura
FF