Como podes tu, ó oportuno amor,
querer viver arreigado no meu peito?! ...
Não me queiras, sou chama sem calor,
casa sem família, solidão sem leito ...
Vai p'ra longe! Foge do meu corpo!
Procura taças que te inflamem, ó eterna formosura,
não meu corpo que JAZ morto,
que vive e acaricia a desventura ...
Vai enquanto é tempo, ainda,
procura um peito de címbalos doirados
que te expanda e deixe de LOUROS coroado!
Que eu sou vitima do Fado! E em mim,
rodeado de insípidos tormentos, só há cardos,
volupias, agonias e lamentos ...
Ricardo Louro
no largo de Camões
ao Chiado em Lisboa
Ricardo Maria Louro