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Serei algo
além de deságue
de mágoas
salgadas.
Serei sereia
macho-fêmea,
peixe no aquário.
Depois do canto azul
da estrela do cruzeiro do sul.
Um canto de dor,
dói
Odoiá.
Chorou tanto ao cantar
que encheu a Terra de mar -
aonde irei morar -
quando mais peixe eu for,
fora do aquário
num itinerário sem dor.
As ondas do meu mar
são o tempo,
contínuo,
calmo,
sereno,
outras vezes tormenta
de amar,
sem tempo
e chorar
quase um mar
pra Iemanjá.
Ela canta
para desencantar-me.
Dá-me nadadeiras
de flutuar
nas esperanças
de novos amores,
novas dores,
novos mares.
Sal,
céu,
cio,
sol,
sul.
A mulher das águas
joga seu manto
azul
sobre mim.
Quando eu penso
ser o fim,
meu coração barbatana
se inflama.
Não é fim.
É mar.
É mais amar.
Ame ou tsunami.
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