"... ouvir o eco nas ramas das árvores, ledos ensejos:
nós juntos, o brilho das estrelas poderíamos criar...”
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- ” au clair de lune” (noites insones sob o clarão da lua) -
Nas noites insones, minha janela é o céu escuro;
deixo-me ficar soluçando no vácuo das estrelas,
desejando voar no breu, perder-me, inseguro ...
Desde este arrebol há sombras, não posso vê-las
entre frias rajadas do vento inclemente na noite,
tudo que me restou foi o céu torvo, cruel açoite.
Sei que nosso destino não é mais uno, nem singular,
a minha voz não é firme, há nela clamor vacilante,
mesmo quando desejo apenas no silêncio meditar.
Enquanto ansioso esperava ver estrelas, confiante,
pela janela escancarada do quarto agora solitário,
penetra o clarão da lua, ao meu sofrer é solidário.
No alto, há nuvens solutas, de sonhos bosquejos;
quisera apenas nós, sussurrando palavras ao luar,
ouvirmos o eco nas frondes das árvores, ensejos:
nós juntos, o brilho das estrelas poderíamos criar.
Doce refúgio, o quarto não seria como caixa vazia,
parco consolo, o perfume do seu corpo recenderia,
Inútil foi ajoelhar-me ali, diante do clarão da lua,
tentando ao menos distinguir entre os arbustos,
separando sua imagem dessa sombra que me amua,
o contorno do seu corpo contra a luz, sem sustos.
Hoje, só paira o aroma do cerne da bétula abatida,
uma real prostração, é tudo o que sinto nesta vida.
03112014
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" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."