Vai-se a esperança de um vão contentamento
quando a Alma tantos anos conservada,
numa hora heróica de coragem arrojada,
acredita resolver o que a perturba num momento!
E mata-se! Morre sujando as próprias mãos!
Malograda solidão que não quer ver ...
Um suicida não se mata porque sim ou porque não,
mata-se, porque afinal, não quer morrer!
Que doce desengano, estranha contradição,
ter coragem de matar o próprio corpo
só p'ra não viver a dor da ilusão!
Afinal, matar-se, é cobardia face à Vida
de gente tola que vive em solidão
alimentando um pensamento suicida ...
Ricardo Louro
no largo de Camões
ao Chiado em Lisboa
Ricardo Maria Louro