Minha cabeça anda cheia;
Quero a casinha da montanha;
No alto, bem alto;
Onde eu possa berrar minhas tristezas;
Quero a paz que sonhei;
Somente ao meu lado, a vida ávida;
Quero a paz que sonhei;
Somente ao meu lado um lado somente;
Lá do alto, ao berrar minhas tristezas;
Libertei o pássaro sombrio;
Que voou bem mais alto sem dar nem um pio;
Onde andam minhas forças e o limite que me causa arrepio;
Já estou na beirada, sinto os pés não tocarem mais o chão;
Do limoeiro não cresce, nem crescerá um doce limão;
Dê-me mais , dê-me mais;
Embaixo de mim não há nada, em cima o céu cinzento;
O vento que soprava alegria, agora me trouxe o amargo tormento;
Minha cabeça anda cheia;
De um cheio vazio comedido;
Minha vida não passa de um tempo perdido;
Não tenho mais voz, para berrar minhas tristezas;
Mas na verdade minha cabeça anda cheia, cheia de incertezas...
Marcio Corrêa Nunes