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Chamo a musa de musa
mas é fio de navalha.
Minha carne vai sangrar um poema
para a musa se banhar.
Meu sangue de versos,
hemáceas rimadas,
é o caldo secreto
que banha
e alimenta a musa.
Depois de limpa e vermelha -
porque vermelho é sua cor preferida -
ela deita-se ao meu lado
e põe-se a lamber as feridas,
as chagas por de onde
partiram letras dilacerantes
do poema delirante.
A língua da musa me excita.
Os pêlos do meu corpo
eriçados
são como
cabelos
levantados
até o teto,
lisos
e finos,
inpecavelmente esticados
até o teto da minha vista.
Os filamentos energéticos
cicatrizam
as rachaduras do meu espírito.
A musa lambe os beiços,
ri com a mão em seu sexo
do que sinto
sem saber o nome.
Não é dor.
Não é amor.
Só consigo chamar de poema.
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