DOMIMGO À TARDE
O que é que você vai fazer domingo à trde?
Pois eu quero convidar você para sair comigo
Passear por aí numa rua qualquer da cidade.
Vou dizer para você tanta coisa que a ninguém eu digo
Pois domingo é um dia tão triste para quem vive sozinho!
Quando eu vejo um casal namorando
É que sinto a verdade
É tão triste passar um domingo sem ter um carinho!
Se você também vive tão só, sei que vai-me entender
Sem amor, é muito mais difícil a gente viver
Pela última vez responda, mas diga a verdade
Pois eu quero sair com você domingo à tarde»
Nelson Ned
DOMINGO,1 DE MAIO DE 2010
Hoje é um dia bem farto em celebrações:
Há um Papa que sobe aos altares
Porque viveu uma vida de santo
Que sofreu e pregou o amor entre os homens.
Os fieis acantonam-se olhando para o céu,
Cantando e rezando como ele pregou,
Lembrando a mensagem dAquele que na cruz morreu.
E eu?
Levantei-me bem cedo para arrumar umas coisas
Que estavam estendidas e algumas no chão
Dispersas, como anda o meu coração.
Mas instante sublime, triste também
Vi que hoje era o dia da mãe.
Minha mãe partiu há já uns bons anos
Eu já era homem, com filhos pequenos
E casado também.
Recordei então a mulher esguia
Calada e tristonha pela vida dura que sozinha levava e sentia
O seu nome era lindo: Ele era Maria.
Lembrei sua voz suave e macia
E daqueles conselhos que para mim dizia.
Recordo ainda daquela tarde em que na cozinha com um golpe fatal
Feriu com gravidade um dedo da mão
E acabou parando em um hospital
E o dedo ficou inutilizado para sempre.
Lembro-me ainda dela sentada nas escadas de granito
Costurando,
Em surdina cantando
Para se sentir viva
Também na solidão.
Um dia ,porém
Eu parti também
Para além do mar.
Ela me abraçou, ficou a chorar,
Deu-me um rosário para eu rezar
por mim e por ela.
Já antes também o meu pai partira
E jamais voltou e todos nós ficamos com grande saudade.
Tinha eu 17 anos! Mas que linda idade!
Lembrei-me também
Que como eu agora, passava os domingos sozinha ,esperando
Por quem não voltava e não voltaria.
Gemendo e chorando partiu para o Céu.
Olhei para o alto fazendo uma prece
Daquelas que alguém jamais se esquece.
Lembrei-me também de alguém que é mãe
E foi passar o domingo, além,
E que quando parte me deixa saudade e sozinho
E lembrando-a sempre na minha cidade.
Corri ao telefone para lhe entregar
Um beijo saudoso e ardente também
Porque hoje é seu dia porque ela é mãe.
Se ouviu ou gostou, só sei que dela,
Como em tudo também me lembrei
Porque é linda e mãe e eu gosto dela.
Então, para a Igreja me encaminhei.
Na rua, algazarra e som musical
Punhos ao alto, fechados, com grade rancor
Pois era um dia grande: o dia anual do trabalhador.
Desfilava gente que duro trabalha
Desfilava outra que nunca fez nada
desfilavam outros só para ser vistos
E outros ainda levavam escritos
E panos com pinturas chamando proscritos
A todo o Governo.
Na Igreja o padre falou-nos de amor
Daquele que ensinou o Cristo Senhor.
Mas o meu amor por ela á muito diferente.
É daquele que perde a alma da gente
É daquele amor que como os vulcões
É fogo explodindo em grandes paixões
Que arrasa a alma que nunca se acalma,
Só vive pedindo amor mais e mais,
E chorando ,ama e ama chorando e sofrendo, ri e sofre cantando.
E lembrei-me dela, cheio de saudade
Que me deixou só na grande cidade
Que me deixou triste nesta solidão
E se negou andar sozinha comigo com a mão na mão
Neste barulhento domingo da parte da tarde
Pelas ruas tristes da nossa cidade
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Autor D.Sousa
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Data 01/01/1970 00:00:00
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Fonte: http://www.luso-poemas.net/modules/ne ... ryid=275452#ixzz3HFb9xHvl
Do meu livro UM CANTO ALUZIA 2