"... Mata, cata sucata, a flor da nata,
me deixando sempre só com a mala...”
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- exercício nº 25 -
Desaba a rugir ruidosa procela,
castiga sem dó, fustiga a capela;
vela o céu da cidadela, protela,
vergasta o polo, em voo sem cautela,
vibra a chibata, quase mata estrelas,
molha só o esquife do faraó.
Mata, cata sucata, a flor da nata,
me deixando sempre só com a mala.
Boca oca a bala de açúcar mela,
para o ônibus das linhas amarelas.
Não ouço bater asas na janela,
borda, afirma, daí rói a corda.
Rege o temporal, rega, se estatela
com estáticos efeitos sonoros.
Aventa a vela benta, acirra o debate,
não dá trela, sequer mostra parcela,
discussão repercute na tabela.
Fica firme o nó, laço do cipó,
agarra na sela, lustra a baixela.
Na lapela, bela flor de macela,
no silêncio lida, veda a tutela,
espera cego nesta escuridão.
Pleno voo, abotoa o paletó,
abafa pó, viés do portaló:
infernal condição inusitada,
nunca antes vista nos memoriais.
26102014
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" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."