PRECISA-SE DE PEIXES-ESPADAS.
Um pequeno cardume de sardinhas andava a passear, mansamente, saboreando o plânton ao ritmo do bolero de Ravel. Acontece, que cada vez há menos sardinhas, tanto para os homens como para outros animais, que delas gostam e acham um belo petisco. Era o caso daquele tubarão, que apesar de ver tão pequeno cardume, o que não dava para ele entrar, de goela aberta, a toda a velocidade no cardume e apanhar algumas. As sardinhas são muito rápidas e especialistas em acrobáticas fugas. O dia, com um céu azul, refletia, nas águas do mar, imagens de longínquas florestas. O tubarão, que era azul, com um inteligência de meter raiva, ao ver as sardinhas ao seu alcance, não as querendo assustar, lembrou-se de uma provada estratégia de apanhar incautos, como fazem os tubarões políticos, que seduzem e oferecem delícias aos eleitores, mas depois, zás, enganados! Caídos na ratoeira das promessas! O tubarão desta história, num posição imóvel, virada do para o sol, na sua boca, bem aberta, qual ecrã de cinema, desfilavam paisagens paradisíacas. Qual homem -estátua, ali, quietinho, até que uma sardinha reparou naquela maravilha paisagista, onde corria um rio com frondosas margens! Atrás da sardinha curiosa entrou todo o pequeno cardume, procurando o melhor lugar para ver o filme.
-“É entrar, entrar. Toca a entrar”, pensava o tubarão, até que já não aguentado as cócegas que as sardinhas lhe faziam no céu –da- boca não aguentou mais e fechou-a.
-“Está escuro, está escuro!”
-“Quem apagou a luz?
As sardinhas estavam metidas em sarilhos; sem porta de saída!
Felizmente que, um curioso, há sempre curiosos, havia um peixe-espada que tinha estado a observar o bailado das sardinhas, e ao ver que elas entravam naquela grande sala branca, com muitas cadeiras (eram os dentes do tubarão) também entrou, embora à rasca, mas ficando já com a ponta do rabo cortado!
-“Queremos sair daqui”, gritavam as sardinhas.
“Eu também”, dizia o peixe-espada, que tendo-se apercebido da situação, com a sua espada, golpeou, furiosamente o dorso do tubarão, abrindo uma porta de emergência, por onde saiu e atrás dele todas as sardinhas. Uf! Que alívio!
Depois, o tubarão morreu, afogado, por excesso de água salgada, entrada pelo buraco lateral, aberto pelo peixe-espada.
Felizmente, que em pouco tempo arranjou-se uma porta de saída!
Na analogia que esta história tem com os políticos é que em relação a estes tubarões demora anos a abrir uma saída, para salvação das sardinhas!
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Autor deste inédito: Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque
Gondomar
Figas