A vida é assim mesmo! Às vezes andamos com passos firmes, sem vacilação, como quem sabe o que quer e está seguro disso! Nessa condição, falamos grosso, ditamos regras, comandamos! Isso acontece quando estamos com boa saúde, temos o corpo jovem o bastante para nos movimentarmos com facilidade, com agilidade; quando o corpo ainda obedece aos comandos da mente. Outras vezes, andamos com passos trôpegos, vacilantes, como quem tem dúvidas do que realmente quer, pois percebe que o que quer talvez não possa! Isso acontece quando nos falta saúde e que, por isso, além de nos sentirmos indispostos, movimentamo-nos com dificuldade, perdemos a agilidade e ficamos dependentes de outras pessoas. O mesmo acontece quando a pessoa perde a jovialidade do corpo, entrando no estado de velhice, quando perde o comando de seus negócios,... de sua vida!
Quando o problema de saúde não é crônico, isto é, sem previsão de cura, esse estado é passageiro e logo a pessoa melhore assume as redes de seus negócios, de sua vida! Agora, quando o problema de saúde é crônico, não resta à pessoa outra hipótese a não ser a de reordenar a sua vida, adaptando-a às exigências de sua atual situação. Nesse caso de doença crônica, há de se considerar várias situações, há vários graus de dependência que o doente fica, por exemplo, há os amputados de vários matizes, há os aidéticos, há renais crônicos e outros que esperam por um transplante, há os diabéticos que, sendo só este seu problema, podem viver muito bem sabendo se cuidar. E, há os doentes em estado terminal, cujas vidas estão nas mãos de quem os cuida. Levou-me a fazer esta reflexão os pensamentos que acordaram comigo hoje e que tomaram conta de minha mente. Esses pensamentos insistiam em me dizer que a vida de uma pessoa, por mais que ela se sinta poderosa e dona de si, é muito frágil e instável e que, qualquer posição ao longo da caminhada é momentânea.
Penso que esta minha análise não é negativista, apenas mostra com clareza algumas situações a que todos estamos sujeitos, enquanto vivemos neste frágil corpo de carne; inclusive, a situação de envelhecimento, que nos levará inegavelmente à dependência de vários graus. Eu mesmo vivi uma situação na qual vi meus melhores ensejos “irem para o ralo”, obrigando-me a dar novo rumo a minha vida! Foi quando terminei minha graduação, minha disposição era a de “abraçar o mundo”, mas meus rins param de funcionar e eu tive de começar a fazer hemodiálise. Por isso, tal reflexão, entendida em sua profundidade, levar-nos-á a não sermos tão apegados aos bens passageiros; a procurar adquirir valores morais e espirituais que, com certeza, far-nos-á muito bem em qualquer situação da vida, mas, principalmente, nos casos em que a vida nos coloca na dependência de situações e pessoas como já foram citados.
Manoel De almeida