A força dum foda-se!
Sobre o cinzento do pavimento, ao longe, em rota de colisão com este observador, vinha uma jovem, aí duns quinze anos, qual estrela, de quem não era difícil adivinhar rodeada de muitos satélites! Dos seus mini calções, salpicados de pontos luzentes, sobressaíam coxas carnívoras e bem torneadas! Uma blusa, também com dourados, justinha, delimitava bem a base de dois montes Everestes, cujos cumes, alcançados dariam glória a qualquer alpinista. Bem maquilhada, entre seus lábios sumarentos via-se o brilho dum prateado aparelho corretor dentário! Seu farto cabelo, qual deusa romana, esvoaçava a cada menear do seu andar! Falava para um rapaz, que ia a seu lado, mais ou menos da sua idade, com um gorro cinzento escuro, enfiado até às orelhas, que o fazia parecer um membro dum gangue assaltador de bancos! Tenho dificuldade em descrever suas calças, porque ou eram muito descidas e largas ou não tinha pernas nem cu para as encher! Quando nos cruzámos, como réplica a qualquer coisa que o rapaz lhe tinha dito, ouvi, daquela formosa boca, um rústico foda-se. Assim mesmo! Bem alto! Sem constrangimento! Naquela rapariga, moderna, bem vestida, brilhou a rusticidade da secular pérola do foda-se! Aqui está um bom exemplo da manutenção das seculares! Qual mundo civilizado, qual carapuça! Aliás, o mundo, continua cada vez mais “fodido”, embora digam que mais civilizadamente!
Todavia, aquela rapariga moderna, após séculos de civilização, demonstrou, quando necessário, usar a força do foda-se! Usou-a com força! Com convicção! O par seguiu seu caminho. Fiquei a pensar na energia daquela rapariga. Afinal o mundo pode estar “fodido”, mas não está perdido! Aquela rapariga é um cofre da força regeneradora da humanidade!
Olhei para trás. Pareceu-me ver que as calças do rapaz estavam mais descidas e que os calções da rapariga eram mais curtos! Para onde iria e o que iriam fazer?
Depois, continuei a pensar no problema da baixa natalidade em Portugal! Talvez aquele foda-se seja uma das soluções!
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
Gondomar
Figas