não pretendia ser mais que sonhador
alguém que vive de sonhos
que imagina histórias de vida
que não pede à vida um favor
que sonha para enganar os olhos
que vive, mas não está convencida
que gosta de andar ao sabor do instinto
que não gosta de cultivar desgraças
que contorna todo e qualquer labirinto
não conhecendo as ruas por onde passa
um sonhador sem cura, já sem futuro
um ser feito de carne e osso
que mais parece um fruto já maduro
onde a incerteza é o seu maior fosso
foi empurrado na escada pelos seus sonhos
mesmo assim escapou da queda aparatosa
vivia só nos instantes mais risonhos
de uma curta existência tão desastrosa
passou fugazmente na curva da desilusão
numa tarde cinzenta de Inverno
quando o sono e sonho viraram confusão
naquele que poderia ter sido um inferno
mas não se iludindo, o sonho venceu
o sono seguiu o seu tormentoso caminho
ele rumou para o futuro que ali apareceu
pela primeira vez a vida lhe fazia um carinho
mostrando-lhe a rota de uma lutadora
que julgava ser só uma sonhadora
angela caboz