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Vozes caladas

 

Os sorrisos caiam no chão do desassossego
E eram calcados pelas sombras do medo,
Caminhavam vozes pelo silêncio do vazio,
Acotovelando-se nas brisas do céu sombrio.

Pulavam em pés descalços do infortúnio,
Acutilando-se nas agudas pedras da raiva,
Cobertas pelas núvens negras de mau augúrio
E as chuvas gélidas mordiam como saraiva.

Buzinas e sons alucinantes ensurdecem
ouvidos moucos, comidos pela fome e frio,
corpos torturados pelas dores que padecem,
chão sem alvoradas,de cartão negro, doentio.

Gritavam com suas vozes caladas pela noite,
na escuridão da tristeza e injustiça da vida,
o eco trazia-lhes o som implacável do açoite,
que a ferida da alma, tão profunda, não sentia.

Os crepúsculos eram como tardes apagadas,
que lhes penetrava a essência humana,
vagabundos da miséria de sortes recusadas
a quem a vida lhes tem sido tão tirana.

José Carlos Moutinho

 
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zemoutinho
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/10/2014 15:08  Atualizado: 22/10/2014 15:08
 Re: Vozes caladas
li com bastante atenção sua poesia e ao reler, me pequei pensando o quanto suas palavras se aproximam de estar descrevendo o sofrimento do povo,povo esse anônimo e a qual eu faço parte tb, que raramente tem vez e voz e mesmo assim n esmurece,n bate na lona, sempre está de cabeça erguida, tentando seguir em frente com dignidade, mesmo q as vezes o fardo pese e a gente fica com a sensação q é o fim, n sei se foi nesse contexto q foi inspirada sua poesia, mas foi assim q interpretei,a poesia como voz de todos aqueles q por razões justificáveis tem as suas caladas. curti muito sua intervenção,tem sentimento e sensibilidade no q diz respeito aos semelhantes.