Desde que ELA partiu, são negros meus dias.
Pesa-me a SUA ausência, em forma de terrores,
São feitos de sonhos desfeitos e dores,
Juntamente com saudades num mar de agonias!
ELA, inexorável criadora de sentimentos, por amor,
Como fui cair tão fora do Seu tempo e do meu espaço?
Tudo o que queria era diariamente adormecer em Seu regaço
Não colher dele as sementes fatídicas da Dor!
Oh! como sinto o peito inconsolavelmente ardente,
Reverso sentir na alma que com o frio da saudade treme
Destinos trocados, todo o sentir, sem sentido geme
Em mim ,num alto sussurro mudo e plangente!
Passeio no chão da alma, vejo tudo em ruínas
Uma fragrância mórbida, ocupa todo o lugar
Restos de sonhos flutuam indefesos no ar,
Vão de encontro a todas as minhas tristes sinas.
Caminho descalço, no negro e duro chão
Da alma. Vejo memórias por mim passar,
Dos tempos em que ainda era belo sonhar
E cada sonho ainda suspirava de razão.
Hoje, foram por mim, e por ELA esquecidos,
Atras da dor da distância cruelmente encostados,
Razia de sentidos em que muitos foram aniquilados
Outros tantos foram apenas com o tempo perdidos.
Sou a sombra do homem que fui por ELA, errante
Em mim, sacudo a poeira das emoções ,
Já não me cobre SEU manto de ilusões,
Apenas a dor desmedida de cada instante
Em que não sei DELA. Triste esta sina,
É branda a luz que embarra no meu dia,
Longe DELA, longe da almejada alegria,
Apenas um resto de esperança me ilumina.
Paulo Alves