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Queimada em 1953

 
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Queimada em 1953

No ano de um mil novecentos e cinquenta e três
O meu pai derrubou um alqueire de mata desta vez
Para aumentar a sua lavoura branca e de cafezal
Nesse mesmo ano que houve uma grande geada
Que matou a lavoura que estava quase formada
E as primeiras flores as plantas poderiam soltar

E em uma tarde de agosto de Sol bem ardente
Com um calor insuportável queimando a gente
Foi colocado fogo para queimar a derrubada
Algumas árvores grossas ainda ficaram de pé
Pois não atrapalhariam para se plantar o café
Quando a área ficasse bem limpa e preparada

Foi em uma tarde inesquecível e escaldante
Que o céu ficou completamente esfumaçante
E os pássaros abandonavam os seus ninhos
Dos meus olhos caiam lágrimas incessantes
Vendo as aves voarem naqueles instantes
E com a fumaça caiam atordoados passarinhos

O fogo subia com um turbilhão de estalos
O meu coraçãozinho sofria grandes abalos
Pois até na copa das arvores subia labaredas
Em três horas queimou tudo que havia por aí
Um inferno como aquele jamais eu pressenti
No meu tempo de criança em minhas veredas

Minha mãe cozinhou macarrão com feijão
Pois mistura nem sempre havia lá no sertão
Mas os pernilongos começaram nos atacar
Com o calor sufocante havia nuvens de insetos
Aquele dia me pareceu um dos mais funestos
Que nem coragem e fome eu tive pra jantar.

jmd/Maringá, 19.10.2014


verde

 
Autor
João Marino Delize
 
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Enviado por Tópico
Migueljaco
Publicado: 19/10/2014 13:22  Atualizado: 19/10/2014 13:22
Colaborador
Usuário desde: 23/06/2011
Localidade: Taubaté SP
Mensagens: 10200
 Re: Queimada em 1953
Bom dia poeta, eu também nasci numa fazenda onde esta prática de queimadas era frequente, mas meu pai apenas queimava suas roças noite a dentro , ainda assim muitas vezes tínhamos de apagar focos de fogo na mata, mas graças a Deus nunca houve um incêndio incontrolável, aquele abraço, MJ.