O sono acaba transformado em morna preguiça.
As mãos cegas apalpam a carne languida por baixo das mantas.
Demoram-se a reconhecer o corpo com que se deitaram.
Os olhos querem-se fechados. A imaginação acorda primeiro.
Pinto-me nobre, sábio e saudável. O novo dia vai trazer maravilhas.
Só aos meus olhos mas junto de outros vejo aquilo que nos cega.
As grandes orelhas ouvem mais que a conta e os reflexos ultrapassam em muito o fiel depositário dos mesmos.
Cheio de vento e merdas abro os olhos e chafurdo no que há de novo.
Abro livros avidamente e só leio o que me interessa. Se os mortos se revoltassem nas campas muitos se haviam levantado á custa das minhas leituras. Paradoxos de capa dura assim lhes chamo eu.
Ligo-me ao irreal do mundo e só assim me sinto real apesar de o saber não ser.
Só me lembro do meu avô a dizer que comer,beber e folgar é o que daqui levamos. Ou então como dizia um outro avô ao que ficam..."Puta que os pariu!!!"
Não fui eu que disse mas achei bonito e são estas medalhas que fazem um vaidoso.
Sentes a merda escorrer por ti abaixo e exibes o teu melhor sorriso cariado. Os excessos e faltas são a tua vida e nada mais parece existir.
A loucura que teimas em buscar é o não, não, não com que encaras a vida. Tardando em afirmar o que quer que seja acabamos por viver alegremente uma vaidosa vida de negações.
A necessidade estará em escrever ou em ser lido?
Somos o que somos ou somos o queremos ser?
Será a contemplação inimiga da acção?
Estas e outras, muitas, dúvidas me levam a escrever na ânsia de me conhecer melhor e talvez conhecer outros.