Sento-me só, contemplo o chegar da madrugada,
Cresce o negro lá fora e em mim, ofegante
A melodia do silêncio que carrega como fascinante
Aragem um tipo de paz por mim inalada..,
Olho a lua, hoje está radiosa e intensa.
Conto estrelas, canso, não mais quero..
Penso, triste em mim desespero,
Desperta a tristeza que cai densa
Sobre o corpo, minha alma se sente aflita
Me sussurra ao ouvido seus ais, seu desalento
Até que adormece arrebatada pelo sofrimento
Só eu não durmo com medo que o amanhã se repita.
Morre a madrugada na luz matinal… vejo o sol nascer.
Quando nascerá em mim alguma alegria imutável?
Trago como cicatriz a imagem de um amor inviolável
Que receio gritar ao mundo, com medo de sofrer…
Mas...
Aos poucos me mata tal segredo, caio em mim absorto,
Corro mundos num segundo em pensamento,
Cansado da espera me sinto em mor tormento.
Me esqueço de ser eu mesmo e me dou como morto.
Não tenho mão na mão do meu Destino,
Mesmo sendo réu, juiz e carrasco, nada amena
A dor que consinto, nem paz inalada se mantém serena
Caio num vácuo intemporal de emoções e me declino.
E falo comigo mesmo, procurando a verdade,
Vou além das coisas passageiras em mim,
Estou a sós, e não estou comigo para assim
Ver quem dos dois carrega maior falsidade…
Sempre me contradigo, circulo vergonhoso
Girando bem no meio de cada engano,
Envolve sonhos de amor como maior dano
Vivo sem ELA e não é caso para sentir orgulho...
ELA, é toda a paz que preciso, razão
De cada promessa em mim renovada
eternamente a escolhida, a mais amada
Tenho-A apenas em sonhos e em cada ilusão.
Quando A vejo, sinto tão grande agonia,
Ao lado de um outro foi colocada
Por um cupido bêbado numa alvorada
Deu tudo a outro a mim a luz negra do dia...
Antes ELA não fosses assim tão femme-fatal
Antes ELA fosse o mundo de alguém e não meu Universo
Ficasse eu inerte ao SEU olhar meigo, ou imerso
Na dúvida, pronto a dizer amor ou não é-me igual...
E o que me traz cada nova aurora?
Sempre o mesmo sonho ou sentimento.
Fosse eu curado, mesmo que por um momento
Do insaciável desejo de A ter que me devora.
Paulo Alves