deram-me o silêncio
uma voz fechada dentro de uma caixa
um som guardando num vazio
uma sonoridade muito baixa
das palavras que queriam entoar
mas que tinham que ficar guardadas
uma garganta que se estava a calar
das memórias que eram lembradas
por uma mente que só as queria libertar
deram-se o silêncio
uma prenda muito envenenada
um som que eu denuncio
por não poder ficar calada
uma verdade presa em mim
uma palavra que me pediram para guardar
um segredo que terá fim
quando a minha voz se soltar
por não saber viver assim
deram-se o silêncio
pedindo-me para o preservar
um sigilo de que me diferencio
pela necessidade de falar
uma missão quase impossível
uma arma demasiado perigosa
um segredo para mim invencível
ou uma verdade muito desastrosa
se a palavra de repente se soltar
angela caboz