Bateram à minha porta,
Fui espreitar à janela,
Eras tu, que me importa,
contigo tenho cautela
és p’ra mim coisa morta.
Não te abri, foste embora,
fiquei contente e feliz,
já estava na hora
de viver como sempre quis,
vaguear por aí afora.
Quero ser livre e só,
navegar p’las quimeras,
sem que de mim tenham dó,
sou ânsias efémeras
um dia serei pó.
Pó serei um dia,
deste mundo partirei,
cantem-me uma melodia
e lá no alto serei
inventada poesia.
José Carlos Moutinho