É engraçado como a cabeça da gente começa a funcionar "melhor" depois da oitava latinha! Principalmente se a quinta e a sétima vierem acompanhadas com doses de uma boa cachaça (mineira, de preferência).
Exatamente nesse ponto surge algumas idéias que você nunca tinha pensado... Não estou falando daquele pensamento sobre aquela moça que antes nem sequer havia notado e que, agora, de repente, ficou bo... pra cara... Tudo bem, não sei o que acontece que, nesse ponto, as saias começam a ficar mais justas, os decotes mais ousados e as mulheres mais bonitas! Mas não é nada disso, são coisas bem mais "puras". Afinal, é nesse ponto também que os amigos estão mais amigos, a conversa mais animada... E ainda tem muita noite pela frente.
Você começa, por exemplo, perceber que algumas coisas podem ter sido criadas por causa da cerveja. Tenho quase certeza, nessa hora, que foi isto que aconteceu com o amendoim. Provavelmente Deus o criou na terceira latinha. Ficou perfeito!... A própria cachaça pode ter sido na quinta, pra turbinar um pouco... Já o torresmo, talvez, inventado por causa da cachaça... Começam a surgir alguns surtos poéticos (creio que ficamos mais sensíveis) e aquelas músicas que lhe pareciam uma merda, começam a fazer sentido. Você ouve: "Eu quero ser pra você a Lua iluminando o Sol." Antes você pensava: "Que porra de metáfora! A filha da p... da Lua devolve o mínimo da luz que o Sol deu pra ela... Nem próprio é!... É quase o que acontece em alguns divórcios!" Mas agora não! Você está mais sensível e romântico e acha bonito o esforço da Lua tentando o impossível para agradar o amado! Você ouve: "...fada querida...com a vara de condão tocando meu coração..." Antes pensava até bobagem: "Mulher com vara é 'traveco'... E a vara é grande, chega no coração!" Agora não! Pensa no amor chegando, tocando o coração do rapaz... Você ouve: "Te dei o Sol, te deu o mar pra ganhar seu coração, você é... meteoro da paixão..." Pensava: "Ô, babaca, larga a mão de ser miserável! Que merda é essa! Falar que deu o Sol, que de o mar?! Compra, pelo menos, flores, ou uma caixa de bombom... E ainda, chamar a coitada de meteoro?! Uma pedra enorme e gelada que onde chega fode tudo!" (Credo! Lembrei minha sogra)... Mas agora, de novo, não! Pensa que a intenção do "cara" era mesmo a de dar o mundo para a amada e, no meteoro como algo transformador. Chega a perceber que o Luan Santana é mesmo um grande poeta! E nem passa mais pela cabeça que ele possa ter composto bêbado, ou se é ou não tarado por esperar a velhinha gagá.
As suas citações ficam mais "inteligentes". Há pouco, na conversa, lembrei um grande filósofo da atualidade. Falei que gostava muito de um amigo, mas que ele tinha dois grandes defeitos: não bebia e gostava de fazer exercícios, vivia me chamando pra isso... Tá certo! Pode até ser que a culpa seja mesmo minha por beber e ser sedentário, como alguns tentaram insinuar, mas lembrei logo Hommer Simpson: "Se a culpa é minha, eu ponho em quem eu quiser!".
A gente aprende muito também! A cabeça absorve melhor as coisas neste estado... Também, há pouco, um amigo veio falando algo sobre metrossexual... Assustei! No meu caso são centímetros! (não muitos) Tem gente ai com metro!?... Ai me explicaram. Vi que sou um pouco disso também: tomo banho de vez em quando, penteio o cabelo, às vezes passo desodorante...
Quando a gente bebe, até as tiradas ficam mais espertas. Tudo bem que a oitava latinha já passou faz tempo, já nem sei mais quantas foram!... Minha mulher virou pra mim e disse: "Vamos embora. Olha pra trás... Não tem mais ninguém nas outras mesas... Todos já foram, estão vazias, só tem nossa turminha aqui!". Sugeri: "Não por isso! Senta numa ali" (mais ai ferrou!)
Brincadeira!
Falando sério: as pessoas que gostam de beber socialmente tem que saber beber, ter controle e, principalmente, saber quando parar. Pelo menos quanto a isso estou tranqüilo: bebo há muito tempo (boa experiência), meu controle chama Márcia...e paro quando ela fica brava.
Chegou a saideira.
Aceita um copo?
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(Uma última observação: que mania é essa de dar nomes complicados às cervejas: Haineken, Budweiser...!? Até são é difícil pedir!)
Ah! E a propósito, profetizando: não, sempre sóbrio.
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