"... Poderei deixar vagarosamente o alpendra da varanda,
ouvindo ao redor soturnas as badaladas do carrilhão...”
----------------------------------------
- Talvez as janelas do infinito sejam do meu verdadeiro lar -
Vou caminhar sozinho, guiar meus passos no escuro,
embrear-me na noite, avançar e tentar ser aquecido
por outra fonte qualquer que não os seus carinhos.
Talvez possa refrescar os sonhos nas noites de verão
aqui debaixo de um céu branco sem nuvens refletidas.
Todas primaveras no meu viver se tornaram ficção,
de repente, tudo que havia se transformou em desespero,
quando aqueles sonhos se desvanecem sem a realização.
Poderei deixar vagarosamente o alpendra da varanda,
ouvindo ao redor soturnas as badaladas do carrilhão.
Monótonas as notas tranquilas fazem-me confiante,
apenas as estrelas e eu insertos no ingente escuro.
Mas, não levarei comigo antigos e queridos sonhos,
não levarei sua imagem, nem recordações arraigadas.
Vou voar de encontro às estrelas, transcendendo o céu,
junto ao azimute do infinito sem razão, seguirei avante.
Se gritar poderei, sei que indivisa voz restará sem eco,
na imensidão prateada, pranteada harmonia consumida,
certo que não terei mais que cicios abafando prantos.
Voar de encontro às estrelas distantes que convidam,
percorrendo em equilíbrio as bordas do firmamento,
borrando gris rascunhos de nimbos que se atreverem,
embaralhando os desenhos dos cirros mais ousados.
Depois de circundar o arco íris da meia-noite instalada,
talvez, as janelas do infinito sejam do meu verdadeiro lar.
11102014
--------------------------------------------------------------
©LuizMorais. Todos os direitos reservados ao autor. É vedada a copia, exibição, distribuição, criação de textos derivados contendo a ideia, bem como fazer uso comercial ou não desta obra, de partes dela ou da ideia contida, sem a devida permissão do autor.
" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."