Gritos lancinantes
Ecoando na noite.
São meus olhos
Que não conseguem
Ficar em silêncio
Diante da sua ausência.
São meus olhos
Que não seguram
O anseio dos meus lábios
O tremor das minhas mãos
Desejando com volúpia
Tocar sua morna pele,
Beijar os seus olhos verdes,
não deixá-la ficar em silêncio,
transparecer na respiração,
ofegante, inquieta,
nos seios arfantes
aquelas palavras que eu queria ouvir
e que seus lábios não dizem.
O céu não está longe,
Os carinhos não estão perdidos
E as palavras não morreram
Neste turbilhão de ilusões
Que bailam, ondeiam e vão
mas nunca fogem,
deixando-se ficar em meu peito,
à espera de uma palavra sua.
De arrebatada figura,
sou altivo, sou forte,
não carrego lutos e mágoas,
até um dia enganei a morte,
na sua faina de colher almas
e renasci.