Não se arranca poesia do corpo
Como se arranca um fio de cabelo,
A poesia é lisa, de corpo sem pelo!
Perguntas-me como pude vê-lo?
A poesia é minha amante,
Ela vem me visitar nas madrugadas de lua
Quando nos amamos sob o céu estrelado!
Nosso amor é surreal, está para além do bem e do mal!
A poesia ora surge toda vestida de metáforas
E outras figuras; com sua linguagem bem elaborada
Fala-me de amor e do quanto ela é cobiçada,
Diz que só se entrega aos poetas, questão de afinidade;
Aos demais, deixa-se ver e só a vê pessoas sensíveis!
Ora surge em pleno dia vestida qual menina da roça,
Com linguagem simples, fala-me da vida que leva em seu Mundo,
Diz que está sempre pronta a servir aos poetas em um segundo!
Ora surge vestida de tese, síntese, antítese, silogismo,...
Fala-me de filosofia, discorre sobre materialismo, humanismo,...
Sempre bela, a poesia se veste de versos ora em estrofes ora não!
Não se arranca poesia do corpo
Como se arranca um fio de cabelo
A poesia surge ao poeta num simples apelo,
Vestida de linguagem em verso ora fala com a razão ora com o coração,
Sempre tão elegante quanto maior, do poeta, a grandeza, a consideração!
O poeta é, da poesia, artesão e estilista, desenha sua roupa qual um artista!
Manoel De almeida