"... Sob a chuva fria, aflição que castiga,
longos são os dias de todos dezembros...”
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- Mais um recolhendo lágrimas em ânforas nacaradas -
Vejo tantos sonhos desfeitos,
roubados na escuridão ingente.
Raros desejos furtados, despencados,
caídos das estrelas mais brilhantes.
Sombras, sonhos, sucatas da escuridão,
raros reflexos unos da aura dolente,
vindas de nuvens cinzentas profusas,
surgem as lágrimas dos céus hiantes.
Sob a chuva fria, aflição que castiga,
longos são os dias de todos dezembros;
fevereiro e julho, entremeios do solstício,
têm noites curtas nas entreabertas janelas.
É solitário que recebo entre as cortinas,
flashes de recordação, restos do que me lembro
de como eram os últimos raios do sol frio,
alaranjando o poente, seduzindo estrelas.
Também longe no horizonte confuso,
se formam algumas nuvens algo cinzentas,
concretizando profecias dos sábios videntes:
não espere outro proceder das alvas estrelas,
nem inovações das aves nas tormentas ,
em arribação voando de encontro à linha do céu
em bandos vão em busca de dias mais quentes.
Acalentando sonhos remotos ainda que inconsistentes,
margeando o arco íris entre lágrimas e sucata de aço,
súbito me quedo, não há chão sob mim, não sou mais eu,
desapareço em meio ao caos, desordens instaladas.
Agora, sou só mais um entre os derradeiros humanos,
observando longínquas nuvens num mesmo chumaço,
recolhendo lágrimas penitentes em ânforas nacaradas.
08102014
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" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."
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