E acanhou-a irrefutavelmente, contra os seus braços corpulentos, com tal imódica brusquidão que ela se desfalecia no seu peito ofegante de loucura, raiva e saudade, por entre um escorrer de lágrimas ténues e mútuas. Trocando breves palavras ásperas foi confessado um amor nunca extinto e jamais omitido. Suas mãos pareciam-na apertar, cada vez mais, contra si, como com o propósito de fundirem as duas presenças carnais no seu próprio fogo irrefragável, suscitando num só corpo, assim como as suas almas já o eram... uma só!
Abraçou-a como se abraçasse a vida… Ela era a sua própria vida, largá-la seria a derradeira morte. Desunidos a sua destruição era certa, imparável. E, assim foi, a pequena de génio agreste tão modificado pela debilidade, não desvaneceu naqueles braços. Mas aqueles braços a mataram, condenaram-na á morte no instante em que se descercaram seu frágil corpo trémulo.
Invejei Cathy. Não me parece, de todo, descomunal loucura invejar tão trágico triste amor. Loucura é invejar uma felicidade aparente, um amor que nunca se viveu, nunca se sentiu em extremos. Heathcliff, invejá-lo nunca! A morte deambulou nele desde que sua alma partiu com Cathy, porém, seu corpo mantia-se firme, exibindo reflexos arrefecidos e desabitados, como a desumanidade que se indagava em Wuthering Heights.