A MINHA VIDA
( In principio)
Maio decorria.
Primavera a meio,
Com flores e tudo.
Pássaros mil, cantando lindamente,
Esvoaçavam doidos.
Porque, depois do amor na Primavera em Flor,
Nos ninhos, entre ramagens construídos
Os ovos estalavam
Deitando cá para fora
Minúsculas e despidas avezinhas gritando:
-Estou aqui, aqui. Quero comer!!!!
Foi este mês que me viu nascer.
Gritando,
Com os olhos mais fechados que abertos.
Teria tempo para ver o mundo…
Mas nunca, nunca me esqueci de dar ordens:
Se tinha fome, berrava.
Se tinha sono, dormia regalado.
Gritava novamente se a fome apertava.
E baloiçar nuns braços que parecia conhecer?
Era um prazer! Ah!!!!
- Braços de amor, onde estais vós?
Não quero o berço…
Como tormentas,
Ouvia vozes rugindo ao longe:
- Dá-lhe colo e verás! Vai ser sempre
Um menino de colo. Mole. Mimado.
Passados meses,
Entre os gatos, gatinhava,
Entre a gente, me arrastava,
Toda a boca se babava.
Algumas vezes sentava
Descansando e observava
Tudo e tudo em meu redor.
Vieram dentes, pare rasgar.
Cabelos para embelezar e proteger.
- Ena pá! Consigo estar vertical!!!
Bamboleando,
Escorregando,
Aterrando,
Teimando,
Levantando a custo,
-Ou então alguém.
Pressuroso,
Carinhoso
Me dava ajuda e punha em pé.
Pois é.
Na vida há sempre alguém
Que, por bem,
Nos dá a mão
Seja com boa ou má intenção.
E lá ia em busca de um tesouro…
Era minha infância em flor
Destilando vida.