assim, sem mais nem menos, no esmagamento dos dedos com que me sustentava. mas o antebraço doeu-me. doeu-me, como se ainda pertencesse à vida que já esgotei. estar morto, suponho, é um exercício, sobretudo, de alma, e a minha insiste em alojar-se no meu antebraço direito, agora que perdi a mão. e noto-a cheia demais, redonda demais, como uma lua espalhando o seu canto de cisne pela terra que a vai cobrir. grande demais para o esforço da viagem, a minha alma insiste em viver no reduto mutilado de mim. queria dizer-te que morri, mas educaram-me a acreditar que a alma é eterna... queria dizer-te que morri, mas não consigo escrever-te - perdi os meus cinco meios de comunicar contigo.