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O papel

 
O PAPEL


Para quebrar um pouco esta amargura,
Escrevi-te um poema e fui à rua.
Pedi um café. E com minha alma triste
Pensando em ti, pois sabes que é só tua.

Estando em ti pensando, reparei
Que uma coisa do alto esvoaçava
E que em ziguezagues ia baixando
E que no negro asfalto repousava

Levantei-me rápido e curioso
Para ver esse pedaço de papel.
Li, pensei em ti, e logo, logo
Meu coração bateu, bateu como em tropel.

Nele estava escrito, ainda se lia
Iguais às minhas, confissões de mor,
Que um doido como eu, havia escrito
Com muita amargura e muita dor.

Entretanto saiu da estação do lixo urbano
Uma senhora com vassoura e apanhador.
De um lance curto apanhou o relicário
De uma grade paixão e grande amor



E o jogou num lance de repulsa
Num receptáculo grande, num caixote.
E eu pensei : Quem ama é um desgraçado
Que em vez de amar, merecia a morte.


Confesso-te, meu amor, que nisto vi
O final dos meus versos onde cantei
Tua beleza, meu amor louco , minha saudade
Tudo aquilo que me deste e eu te dei.

Só espero e rogo a Deus, se isto acontecer
E for deitado ao monturo do lixo da cidade,
Todos os anos germinem lindas flores
Rosas vermelhas de amor e de saudade

E se quiseres , puderes e tiveres tempo
Colhe uma e desfolha-a lento e com carinho,
Eu estou ali. Sorri-te, dá-me um beijo.
E lembra-te das tardes em que bebemos vinho.




Fonte: http://www.luso-poemas.net/modules/ne ... ryid=279288#ixzz3FHsGVhnx

 
Autor
D.Sousa
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 05/10/2014 16:23  Atualizado: 05/10/2014 16:24
 Re: O papel
suas palavras me emocionaram muito de verdade, obrigado poeta por ter um coração tão bonito assim. estou favoritando viu? sempre irei ler qd sentir a incredulidade do mundo querer conta da minha alma.