Quando chego, onde quer que seja, disfarço
um estranho mal-estar,
pareço bem, mas afinal, é falso,
na verdade, não sei como hei-de estar!
Encontro no olhar de toda a gente
o mesmo pensamento – “vai-te embora!”
Ninguém me vê, ninguém me sente,
e eu, tão só, saio porta-fora!
Não é mau ficar só, posto de lado,
chegar cansado, mal-entendido, caluniado!
Afinal, eu não sou igual a toda a gente
e a minha glória é ser diferente,
como Cristo, um rejeitado,
mas de quem se fala eternamente …
Ricardo Louro
No Outeiro
em Monsaraz
Ricardo Maria Louro