Esgueiravam-se
por entre as folhas verdes
do estio esmorecido, perdido no tempo,
as brisas serenas das tardes cansadas
das ausências do calor!
O outono espreitava provocante,
pela timidez do verão sem graça,
as chuvas tomaram o lugar do sol,
o céu tingia-se do cinzento da tempestade,
criando telas de temores e de saudade,
saudade de outros verões, outros tempos,
porque este é de tristeza e lamentos!
Dentro do seu espaço cronológico
o outono entrou em nossas vidas,
atrevido, sem bater à porta da nostalgia
mostrando doce e serenamente
suas folhas matizadas de fascinantes cores,
que enfraquecidas pelo estio,
soltam-se dos ramos
com saudades do verão pretérito,
e angustiadas pela vinda da invernia
que as fará perder a sua beleza!
Eis que o Outono na sua pujança
Vai pintando telas matizadas de sensações,
de melancolia umas, outras de alegria
e muitas de nostalgia,
fazendo os pensamentos recuarem
às verdes primaveras das saudades,
que se aconchegam nos chãos atapetados
de folhas outonais.
José Carlos Moutinho