Talvez exista uma saudade em cada foto.
Talvez, só a vontade de não se esquecer.
E os brilhos, os trajes e as outras faces,
extáticos no tempo e no papel,
ali ficam,
à disposição das incertezas.
Em que tempo ficou
a mulher de tantos risos
e que agora, ainda se busca
no espelho de Narciso?
Quantos cremes te iludem?
Quanto rímel viaja na tua lágrima cansada?
Que batom ainda fala tua fantasia?
Que sombra, pensas,
oculta-te do tempo?
E pensar que tua beleza
já deu casa, fama e cama
aos que hoje te evitam.
É tão triste te ver
mulher maquiada.
Como eu,
vivestes por nada.
Produção e divulgação de Lettré, l´art et la culture, Rio de Janeiro, Primavera de 2014.
Texto incidental - A mulher maquiada.