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Consumatum est

 
CONSUMATUM EST

Assim tinha que ser. O sol no meu ocaso
Era diferente do teu, em ascensão.
Por isso o nosso amor foi tão diferente
E existiu como um vulcão. Mas decadente.

E então,
Julgando eu que mortos eram,
Meu pobre engenho e arte renasceram
Em volúpia e poesia.

E assim te cantei e amei por todo o lado
E dei às gentes a alegria do meu fado
E por muitos fui até enxovalhado.
Agora, sinto-me só em abandono.

Em testamento te deixo o meu amor,
Meus pobres e simples versos, riso e dor.

Que controverso em si foi nosso amor!!!

Tu nunca me disseste que me amavas,
Nem sequer uma lágrima choraste
Quando em teu ventre a cabeça descansava.


E sobre essa catedral tão linda e terna
Só uma vez senti essa caverna
Que servia de túmulo ao meu amor
Sorrir.

Adeus querida, primavera em flor.
Eu não devia ter acreditado
Naqueles desejos tontos que sentia
Quando só em ti pensava e te sonhava
E te via em tudo que não via.

Entreguei-me todo a ti, tu bem o sabes
Com loucura de fogo e muito amor
Sem pensar que um dia morreria
Este vulcão e só restava dor.

Mesmo fugindo, eu penso sempre em ti
Nua e sorrindo, com um sorriso aberto.
Não te odeio ou condeno. Amor é assim.

Dilaceraste meu peito. Está deserto.
Eu sei que não voltas mais para mim.

Do meu livro Recordações
 
Autor
D.Sousa
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