O FALCÃO PEREGRINO
No azul do céu
Um falcão peregrino
Planava,
Peneirava
Atento ao chão.
Num repente,
Estremecendo,
Juntando as asas ao seu corpo
Em forma de coração,
Pica em voo
Sobre o feno
Onde em bando, pulando
Chilreando
Brincando
Pássaros debicavam sementes.
Como eu,
Ausentes ao perigo
Não viram o predador
Que como um raio
Descia das alturas.
Já perto,
O peregrino da morte
Estica as garras
Mergulhando.
E, logo levantando,
Leva uma vítima para o alto.
Sem sobressalto
Rasga ao alto,
Parte para longe
Para aí, só,
Sem dó
Dilacerar com vil prazer
A vítima.
Ela,
Como o falcão,
Sobre mim caiu,
Me destruiu,
Partiu
E deixou só
Com o coração
No pó da saudade.
Como recordação.
Do meu livro Recordações