O SOBREIRO
Da varanda da casa onde nasci
Vejo um velho sobreiro centenário
Que me acompanha desde que o vi
E que conhece todo o meu fadário.
À sua volta, uma era amiga
Cresce e subiu nele até aos braços
Nele cravou suas garras amorosas
E beija-o e dá-lhe seus abraços.
Nele recordo meus tempos de loucura
Em que Ela em mim se enlaçava
Toda beleza, odor e formosura.
Agora vejo como doido estava:
Abraçado por um ser, todo ele vida
Eu, como o sobreiro, em derrocada.
Do meu livro Recordações