" Quando o sol gasta o nevoeiro grosso,
Pouco a pouco se mostra e é discernido
Quanto oculta o vapor ao olhar nosso:
Vendo assim por esse ar escurecido,
Da borda mais e mais me apropinquando,
Fugia o erro, o horror tinha crescido."
A Divina Comédia – Inferno – canto xxxi
Galopante vem o vento à ginete de nuvens, bem trancadas no cofre do céu
assobiando passa abrindo trincos, sem sequer um estalido naquele trecho.
Crepita estafante estouro assustando uma única estrela silente, ora ao léu,
insistente não se vai, deixa-se ficar, não se vai, talvez curiosa pelo desfecho.
Surge exultante, parecendo mudo, [mesmo que zonzo] meio a tanto rumor,
penetrante olhar no sabor da vaga mergulha, agora resguardando energias,
fugindo de dissabores, dissociando odores, luta contra o tempo, ora senhor,
não se curvando às adversidades tais, havidas ali ao longo dos mornos dias.
Leda ao longe exsurge à alegre reunião, jovial convescote, tão serena a lua,
projeta as silhuetas dos ramos nos morros, criando jogo de sombras e luzes,
ante a visão do celeste bivaque embalado no perfume das flores, ora flutua.
Afasta desditas, sublime buquê, orla de astros cadentes dançando no escuro,
vestes de luz costuradas com raios do luar, ornados de esvoaçantes capuzes,
desenham desordenados, bailam babélicos ao incôndito olhar mortal impuro.